A celebração da Páscoa de 2024 marca o vigésimo aniversário do renascimento do cacau brasileiro. Em abril de 2004, durante a crise nas plantações causada pela vassoura-de-bruxa, uma nova empresa de chocolates decidiu apostar na transformação do cacau em uma matéria-prima premium. Esse movimento desencadeou uma revolução no mercado nacional, com a conquista de prêmios internacionais, o surgimento de novas empresas a cada ano e uma redescoberta do prazer de saborear o chocolate pelos consumidores.
A Nugali Chocolates, sediada em Pomerode (SC), foi pioneira ao adotar o conceito "bean to bar", controlando toda a produção desde o cultivo do cacau até a fabricação da barra de chocolate. Atualmente, é uma das líderes do segmento no Brasil, produzindo aproximadamente 200 toneladas anuais e contando com quase 2 mil pontos de venda em todo o país.
Desde sua fundação, os sócios Maitê Lang e Ivan Blumenschein, ex-executivos da Embraer, buscavam parcerias com produtores de cacau interessados em transformar seus negócios, priorizando a qualidade em vez da quantidade. Essas parcerias iniciaram-se no sul da Bahia e continuam até os dias de hoje.
— As cooperativas de cacauicultores com quem trabalhamos entenderam que o cacau fino é uma oportunidade de agregar valor ao insumo e acabar com a dependência dos grandes compradores. A passagem do tempo provou que nesta abordagem o negócio é mais sustentável e justo — avalia Blumenschein.
Os chocolates "bean to bar" da Nugali destacam-se pelo sabor mais intenso de cacau, menor teor de açúcar e utilização exclusiva de ingredientes naturais. Em vez de gorduras hidrogenadas, a empresa utiliza apenas manteiga de cacau, e até mesmo a baunilha é natural, sem adição de aromatizantes ou realçadores de sabor.
A qualidade superior permitiu à empresa inovar com chocolates de alta concentração de cacau, conhecidos como "intensos". Em 2004, a Nugali lançou o primeiro produto com 70% de cacau do Brasil, seguido dois anos depois pelo primeiro com 80%, denominado Serra do Conduru, em referência à região baiana onde teve início. Este último também foi o primeiro chocolate brasileiro a conquistar um prêmio internacional, em 2016.
Desde então, diversas marcas nacionais passaram a competir em concursos de renome mundial. Somente a Nugali já acumulou 35 medalhas internacionais, sendo a fábrica de chocolate mais premiada do país.
— Os conceitos e práticas que a Nugali introduziu no Brasil há 20 anos hoje são mais do que tendência, eles vieram para ficar. O consumidor ganhou em diversidade de opções e em qualidade — comemora Maitê Lang.
Além dos produtos, a Nugali também se destaca em sustentabilidade. A empresa lançou a primeira embalagem de chocolates 100% biodegradável do país e detém o certificado Lixo Zero, com quase todos os resíduos da produção sendo reciclados, reutilizados ou compostados. Essa postura inovadora rendeu à indústria catarinense o Prêmio Nacional de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2022.